Contraindicações de fios de PDO
O tratamento com fios de Polidioxanona (PDO) é uma técnica consolidada na medicina estética, amplamente utilizada para bioestimulação dérmica, lifting não cirúrgico e melhoria da firmeza e textura da pele. Apesar de ser um procedimento minimamente invasivo, com perfil de segurança favorável, não está isento de riscos e possui contraindicações específicas que devem ser rigorosamente respeitadas.
Uma avaliação médica detalhada é imprescindível antes da aplicação, com especial atenção ao estado geral de saúde, história clínica, medicamentos em uso e condições dermatológicas locais.
As seguintes condições representam impedimentos diretos e definitivos à realização do procedimento com fios PDO, independentemente da zona anatómica a tratar:
- Gravidez e período de amamentação
Embora os fios sejam biocompatíveis e reabsorvíveis, não existem estudos de segurança adequados durante a gravidez ou lactação. A prioridade deve ser sempre a saúde materno-fetal, pelo que se recomenda adiar qualquer procedimento eletivo neste período.
- Infeções ativas locais ou sistémicas
A presença de infeções, sejam bacterianas, virais ou fúngicas, aumenta o risco de disseminação, inflamação e má cicatrização. Exemplos incluem herpes labial ativo, acne inflamatória severa, dermatites infetadas ou infeções sistémicas não tratadas.
- Doenças autoimunes em fase ativa
Condições como lúpus eritematoso sistémico, esclerodermia ou artrite reumatóide em atividade podem desencadear respostas inflamatórias exacerbadas ou interferir no processo de cicatrização e biointegração dos fios.
- Distúrbios de coagulação ou uso de anticoagulantes
Pacientes com coagulopatias, plaquetopenia ou sob terapêutica com anticoagulantes (como varfarina, heparinas, rivaroxabano, entre outros) têm risco aumentado de hematomas extensos, hemorragia e má integração dos fios.
- Alergia ou hipersensibilidade à Polidioxanona
Embora raras, reações de hipersensibilidade ao material dos fios podem ocorrer, motivo pelo qual uma história alérgica prévia a fios cirúrgicos absorvíveis deve ser cuidadosamente considerada.
- Presença de neoplasias malignas ativas
Em doentes oncológicos em tratamento ativo, a estimulação fibroblástica induzida pelos fios poderá interferir com mecanismos tumorais, sendo o procedimento desaconselhado.
Estas situações exigem análise caso a caso, podendo o procedimento ser realizado sob vigilância médica apertada ou após estabilização da condição clínica:
- Diabetes mellitus mal controlada
O controlo glicémico deficiente prejudica a cicatrização, favorece infeções e pode comprometer o resultado estético. É essencial garantir valores estáveis de glicemia antes de avançar com o tratamento.
- Imunossupressão
Pacientes imunodeprimidos, como transplantados, doentes com VIH/SIDA em fase avançada ou em terapêutica imunossupressora, apresentam maior risco de infeção, inflamação ou rejeição local.
- Tendência a cicatrizes hipertróficas ou queloides
A predisposição a cicatrização anormal representa uma limitação importante, sobretudo em áreas com maior tensão ou mobilidade, podendo conduzir a resultados esteticamente desfavoráveis.
- Doenças dermatológicas crónicas
Condições como rosácea severa, dermatite atópica, psoríase ou pele sensível exigem prudência, pois a pele pode reagir de forma exagerada ao trauma da inserção dos fios.
- Distúrbios psiquiátricos ou comportamentais
Pacientes com dismorfia corporal, ansiedade grave ou expectativas irreais não devem ser submetidos ao procedimento sem avaliação psicológica adequada, dada a possibilidade de insatisfação pós-tratamento.
- Intervenções estéticas ou cirúrgicas recentes na área a tratar
É necessário aguardar o tempo de cicatrização e estabilização tecidular antes de aplicar os fios, especialmente em casos de preenchimentos, toxina botulínica ou cirurgias plásticas recentes.
Precauções adicionais:
Terapia com isotretinoína (retinóides orais): deve ser suspensa pelo menos 6 meses antes do tratamento com fios, devido ao impacto na regeneração da pele.
Tabagismo crónico: o fumo afeta a microcirculação, reduz a oxigenação tecidular e prejudica a resposta à estimulação de colagénio.
Doentes com historial de tratamentos estéticos mal sucedidos devem ser avaliados com especial cautela, sobretudo em casos de fibrose ou assimetrias.
A aplicação de fios PDO deve ser realizada com base numa avaliação médica completa e personalizada, respeitando rigorosamente as contraindicações absolutas e ponderando cuidadosamente as relativas. O sucesso do procedimento depende não só da técnica do profissional, mas também da adequada seleção do paciente e da gestão adequada das suas expectativas e condições clínicas.
É fundamental que este tratamento seja efetuado por médicos devidamente formados em procedimentos de lifting com fios absorvíveis, com domínio da anatomia facial e experiência em gestão de complicações.