Contraindicações de fios de PDO

O tratamento com fios de Polidioxanona (PDO) é uma técnica consolidada na medicina estética, amplamente utilizada para bioestimulação dérmica, lifting não cirúrgico e melhoria da firmeza e textura da pele. Apesar de ser um procedimento minimamente invasivo, com perfil de segurança favorável, não está isento de riscos e possui contraindicações específicas que devem ser rigorosamente respeitadas.

Uma avaliação médica detalhada é imprescindível antes da aplicação, com especial atenção ao estado geral de saúde, história clínica, medicamentos em uso e condições dermatológicas locais.

 

As seguintes condições representam impedimentos diretos e definitivos à realização do procedimento com fios PDO, independentemente da zona anatómica a tratar:

 

  1. Gravidez e período de amamentação

Embora os fios sejam biocompatíveis e reabsorvíveis, não existem estudos de segurança adequados durante a gravidez ou lactação. A prioridade deve ser sempre a saúde materno-fetal, pelo que se recomenda adiar qualquer procedimento eletivo neste período.

 

  1. Infeções ativas locais ou sistémicas

A presença de infeções, sejam bacterianas, virais ou fúngicas, aumenta o risco de disseminação, inflamação e má cicatrização. Exemplos incluem herpes labial ativo, acne inflamatória severa, dermatites infetadas ou infeções sistémicas não tratadas.

 

  1. Doenças autoimunes em fase ativa

Condições como lúpus eritematoso sistémico, esclerodermia ou artrite reumatóide em atividade podem desencadear respostas inflamatórias exacerbadas ou interferir no processo de cicatrização e biointegração dos fios.

 

  1. Distúrbios de coagulação ou uso de anticoagulantes

Pacientes com coagulopatias, plaquetopenia ou sob terapêutica com anticoagulantes (como varfarina, heparinas, rivaroxabano, entre outros) têm risco aumentado de hematomas extensos, hemorragia e má integração dos fios.

 

  1. Alergia ou hipersensibilidade à Polidioxanona

Embora raras, reações de hipersensibilidade ao material dos fios podem ocorrer, motivo pelo qual uma história alérgica prévia a fios cirúrgicos absorvíveis deve ser cuidadosamente considerada.

 

  1. Presença de neoplasias malignas ativas

Em doentes oncológicos em tratamento ativo, a estimulação fibroblástica induzida pelos fios poderá interferir com mecanismos tumorais, sendo o procedimento desaconselhado.

 

Estas situações exigem análise caso a caso, podendo o procedimento ser realizado sob vigilância médica apertada ou após estabilização da condição clínica:

 

  1. Diabetes mellitus mal controlada

O controlo glicémico deficiente prejudica a cicatrização, favorece infeções e pode comprometer o resultado estético. É essencial garantir valores estáveis de glicemia antes de avançar com o tratamento.

 

  1. Imunossupressão

Pacientes imunodeprimidos, como transplantados, doentes com VIH/SIDA em fase avançada ou em terapêutica imunossupressora, apresentam maior risco de infeção, inflamação ou rejeição local.

 

  1. Tendência a cicatrizes hipertróficas ou queloides

A predisposição a cicatrização anormal representa uma limitação importante, sobretudo em áreas com maior tensão ou mobilidade, podendo conduzir a resultados esteticamente desfavoráveis.

 

  1. Doenças dermatológicas crónicas

Condições como rosácea severa, dermatite atópica, psoríase ou pele sensível exigem prudência, pois a pele pode reagir de forma exagerada ao trauma da inserção dos fios.

 

  1. Distúrbios psiquiátricos ou comportamentais

Pacientes com dismorfia corporal, ansiedade grave ou expectativas irreais não devem ser submetidos ao procedimento sem avaliação psicológica adequada, dada a possibilidade de insatisfação pós-tratamento.

 

  1. Intervenções estéticas ou cirúrgicas recentes na área a tratar

É necessário aguardar o tempo de cicatrização e estabilização tecidular antes de aplicar os fios, especialmente em casos de preenchimentos, toxina botulínica ou cirurgias plásticas recentes.

Precauções adicionais:

Terapia com isotretinoína (retinóides orais): deve ser suspensa pelo menos 6 meses antes do tratamento com fios, devido ao impacto na regeneração da pele.

 

Tabagismo crónico: o fumo afeta a microcirculação, reduz a oxigenação tecidular e prejudica a resposta à estimulação de colagénio.

 

Doentes com historial de tratamentos estéticos mal sucedidos devem ser avaliados com especial cautela, sobretudo em casos de fibrose ou assimetrias.

 

A aplicação de fios PDO deve ser realizada com base numa avaliação médica completa e personalizada, respeitando rigorosamente as contraindicações absolutas e ponderando cuidadosamente as relativas. O sucesso do procedimento depende não só da técnica do profissional, mas também da adequada seleção do paciente e da gestão adequada das suas expectativas e condições clínicas.

É fundamental que este tratamento seja efetuado por médicos devidamente formados em procedimentos de lifting com fios absorvíveis, com domínio da anatomia facial e experiência em gestão de complicações.

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